quinta-feira, 13 de setembro de 2012

"Eu sempre sonhei uma escola diferente"

Entrevista: Socorro Montenegro

Socorro Montenegro, coordenadora pedagógica  da escola

Socorro Montenegro sempre sonhou  com uma escola onde as crianças pudessem expressar o que sentem, sem críticas, nem censuras.  Eu fiz uma entrevista com ela, gravando no celular, e escutei tudo sobre a Escola Carrossel Prisma. Vejam o que ela me contou. Ah, minha mãe me ajudou a digitar essa entrevista! 



Pedro:  Em que ano a Escola Carrossel Prisma foi fundada e como nasceu a ideia de se criar uma escola diferente em João Pessoa?

Bem, nós iniciamos no ano de 1992. Então, eu sempre sonhei uma escola diferente, porque, na verdade, a escola em que eu estudei era uma escola muito antiga, que nós não tínhamos o direito de falar, de expressar o que a gente pensava, o que a gente gostava, o que a gente desejava fazer, então tudo era censura, e crítica. Se você fizesse um erro, a professora chamava a atenção e mandava apagar. Então, você não tinha o direito de errar e eu como estudante comecei a perceber que todos nós precisamos errar para poder acertar. Não é obrigado você saber tudo, para você saber, conhecer, você precisa também errar, porque é no erro que você se perde, mas é também nele que você se encontra.
Eu vou dar um exemplo: se você faz um bolo, e se você faz a receita e esquece de colocar algo dali, aquele bolo não deu certo. Você vai procurar fazer uma revisão, aí Ah esqueci de colocar isso aqui. Então, quando você vai fazer novamente, você aí vai ter mais cuidado para não dar aquele erro, não é verdade? E dali em diante você não erra mais.
Assim você tendo o direito também de escrever alguma coisa. Por que você errou, a professora chega ali e chama a atenção de vocês? Briga com vocês? Não, ela dá o direito de vocês de corrigirem, não é verdade? Vocês aqui quando querem dizer alguma coisa, vocês são proibidos de falar? Apenas algumas vezes, quando vocês estão contrariando o silêncio da turma, ou o momento da explicação. Aí, nesse momento, é preciso que vocês sejam chamados a atenção.
Mas na minha época, não tinha isso não. E outra: quando fazia alguma coisa errada, ia de castigo, de joelho, num canto de parede, ou em cima de milho, aqueles milhozinhos de galinha. Então, em virtude de eu ter tido uma educação muito tradicional, então eu conheci a Emília Ferreiro, a Ana Teberoski nos meus estudos, e comecei a me encantar com a educação, mas uma educação onde o aluno tivesse o direito de se expressar, onde o aluno tivesse o direito de falar, e aí montei o projeto dessa escola, baseado no Piaget, Ana Teberoski, Emília Ferreiro e outros pedagogos. 
Pedro: A escola sempre funcionou no atual endereço? O atual prédio é próprio ou alugado?

 A escola sempre atuou onde hoje é a educação infantil, porque aquela casa ali era de dona Ana Teresa, e foi ali que nós iniciamos. Aí, depois que alugamos a outra onde tem a secretaria e depois compramos esta onde é o ensino fundamental. Nós já chegamos a alugar uma casa aqui em frente, onde funcionou o berçário, mas depois desistimos de ter berçário.

Pedro: Como foi escolhido o nome da escola? Por quê?
Quando eu escrevi o projeto da escola, eu pensei num outro nome, porém, eu não tive condições de montar a escola. Então, vovó Ana, que tinha ficado viúva e era dona de clínica, de fazenda - e ela não sabia lidar com esse tipo de empresa- , soube que eu tinha esse projeto e disse que gostava muito de criança e que sonhava em um dia trabalhar com criança. Aí ela comprou o meu projeto, porque eu não tive condições financeiras de montar a escola. Aí eu vendi e esperei que ela colocasse a escola. Como demorou, eu fui lá e me ofereci para trabalhar com ela e desde esse tempo eu me tornei coordenadora pedagógica daqui.

Esse nome não fomos nós que escolhemos, foram as crianças. O primeiro nome foi vovó Ana que escolheu e estava passando essa novela que hoje está passando, Carrossel. Então ela disse, vamos colocar o nome Carrossel, porque, justamente, o Carrossel, ele está sempre em movimento. E nossas crianças, aí quando eles cresceram, quando a gente colocou do 5 ao 9 ano, aí eles disseram que não queriam que se chamasse Carrossel, porque era o nome de criança pequena, queriam outro nome. Aí gente, o que aconteceu? Já que vocês querem mudar, vocês vão fazer uma lista de nomes e vocês mesmo que vão escolher. Então, eles tiveram o direito de dar esse nome Prisma. E esse Prisma, foram os alunos que escolheram. Então, vocês sabem o que é um prisma?
Pedro: Uma forma geométrica com vários lados.
Justamente, prisma, o olhar... ao nosso redor. Então, foi muito boa a ideia das crianças, que talvez não tivessem pensando assim, mas nós nos juntamos e pensamos dessa forma.


Pedro: A Escola Carrossel Prisma trabalha com o sistema Pueri Domus. Como essa parceria começou? Tem valido a pena?
Tem valido. Na verdade as editoras diziam-se construtivistas,mas  quando eu analisava os livros, aí via que os livros ainda eram muito tradicionais. Quando foi num congresso nacional que eu fui em São Paulo, eu conheci a escola Pueri Domus e me encantei com o trabalho de lá. Então, eu chamei a dona da escola Carrossel, Ana Teresa, e ficamos na escola para conhecer mais. Fizemos entrevistas com os professores, com os alunos, e fizemos essa parceria. E para ser sincera a vocês, foram três escolas aqui do Estado, aqui de João Pessoa, para fazer essa parceria, mas a escola escolhida fomos nós. Eles perceberam que o nosso trabalho era bem voltado para a linha construtivista.  

 
Pedro: Por que a escola trabalha apenas com o ensino infantil e até o 5º ano? Existe algum projeto para a criação de turmas para outras séries?


Bem, nós já tivemos, mas a estrutura da nossa escola não era adequada para o fundamental até o 9 ano. Então por isso que nós recuamos e permanecemos somente com o infantil e o fundamental 1. Estamos satisfeitos e procuramos fazer o melhor com essa escolha que nós fizemos.
Pedro: Quais são os principais valores que a escola tenta transmitir para os alunos?
O respeito, o amor, fraternidade, desenvolver bem a sua cidadania.
 


Pedro: A escola desenvolve alguns projetos interessantes, que despertam a atenção dos alunos e também dos pais, como o Projeto de Alimentação Saudável, o Projeto de Ação Solidária e o Projeto de Olho no Mundo, além do Projeto de Leitura. A senhora poderia falar um pouco de cada um deles?
Bem eu vou fazer uma síntese, porque se eu for falar sobre cada um, vai ficar muito demorado, mas todos esses projetos que nós desenvolvemos e que já desenvolvemos outros é sempre pensando no crescimento de vocês. No crescimento que eu digo é para o futuro, porque quando vocês forem sair daqui, vocês vão estar preparados para enfrentar o mundo. Não é verdade? Então, todos esses projetos são pensando no melhor para vocês. 
   Pedro: Qual a proposta pedagógica da escola?

A proposta pedagógica é justamente, onde o aluno tem o direito de expressar o pensamento, desenvolver o seu conhecimento, descobrir e fazer novas descobertas e transformar o mundo em que vive.  
Pedro: A senhora fica orgulhosa com as conquistas dos antigos alunos da escola? Tem alguma história interessante para contar para a gente?
Nós temos várias histórias. E nós ficamos não só orgulhosos, mas felizes por ver os nossos alunos se saírem muito bem e conquistarem de estudo e profissional deles. Nós já temos alunos que já está trazendo os próprios filhos para estudarem aqui. Nós temos aqui uma criança que é filho de um ex-aluno nosso. Então, na reunião de pais, para a gente foi uma grande surpresa. Quando eu olhei, eu disse, eu conheço você, aí ele disse: “Eu não já fui aluno daqui?”. E eu fiquei muito feliz. Nós temos alunos que estão se projetando no exterior, certo? Que estão se saindo muito bem. Nós temos uma aluna que fez um curso no exterior e ela foi escolhida uma das melhores alunas. E ela disse lá que devia esse conhecimento e essa desenvoltura à nossa escola, Carrossel Prisma. 
Pedro:  Como você acha que a escola ficará daqui a dez anos?

Ah, eu gostaria que ela ficasse cada vez melhor. E até gostaria que vocês também dessem algumas sugestões para a melhoria dela.

 



 

2 comentários:

  1. Pê, já estou no jornal. Espero que sua apresentação na mostra cultural seja um sucesso! Estou muito orgulhosa desse blog, filho! Amo você!!!

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